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#descrição da imagem Colagem da foto de um menino com a pele e a roupa sujas, comendo, em meio a montueiros de lixo. Logo ao lado, foto de um prato luxuoso, contendo churrasco de costela de boi e acompanhamentos, incluindo taça de vinho.

Fala daí, Raul!*



Tá lembrado do “Cowboy fora da lei”?
Pois bem. Aqui na terra, a sociedade está sem alternativas.
Milhares vivendo nas ruas. Famílias inteiras ao relento,
passando fome e frio. Enquanto isso,
pegando emprestados alguns dizeres seus,
resumo daqui pra você:

3) Segundo turno de uma eleição para presidente;
2) campanha eleitoral cheia de trocas de farpas;
1) milhares de reais para esse “xilique desgraçado” e…

… “Plunct Plact Zum, pode partir sem destino algum!”

É, Raul, “eu também vou reclamar”:
“Pára o mundo que eu quero descer!”
Mas, vamos ver o assunto do próximo round…

Meninas venezuelanas

Xiiii! Um dia te conto sobre a Venezuela.
Presidente Bolsonaro vs Ex-presidente Lula…

Raul,
“eu passei a vista no jornal e veja só o que vi”:
o presidente Bolsonaro acusado de pedofilia.
Pega aí seu “dicionário” e me diz:

– O que é pedofilia?
– O que é prostituição?
– O que é exploração sexual?

O presidente disse o seguinte:

“- Meninas venezuelanas, de 13,14, 16 anos,
em São Sebastião do Distrito Federal,
despertaram a minha curiosidade.
Meninas bonitas, parecidas, mais ou menos 15 delas.
Elas se aprontavam e arrumavam os cabelos.
Para que elas se arrumavam?
Querem que eu diga?
Vou falar: para se prostituírem!”.

Vou te orientar, Raul…
Foi um bafafá daqueles!

Falamos de meninas que fugiram da Venezuela, em busca de asilo no Brasil,
engordando assim, as estatísticas dos desassistidos e abandonados,
da dita Pátria Amada.

A nossa sociedade não teve outra alternativa, Raul.
Está tomando sopa de osso.

O povo tem tentado fazer o que pode
para servir refeições e lanches,
por meio das doações solidárias. Falta de tudo.
Nosso presidente, apesar de se dizer “indignado”,
nada fez para resolver o entrevero que ele mesmo narrou
sobre as meninas venezuelanas,
nas quais se contentou em enxergar prostitutas.

Raul, como não “ficar maluco”, no sentido sofrido,
e não no sentido criativo da maluquice?
Como controlar a “lucidez”?

Será mesmo que a pauta real e principal dessa questão
é só a expressão “pintou um clima”
usada pelo presidente?

Presidente, meninas de 13, 14, 16 anos,
não trabalham como profissionais do sexo, vulgo prostitutas.
São menores de idade.
Portanto, sofrem exploração sexual. Copiou?!
E exploração sexual não é prostituição. É crime e está na constituição.

Não basta ficarmos indignados e indignadas. Violências precisam ser combatidas,
evitadas e, principalmente, investigadas, barradas,
transformadas pelos caminhos da justiça social.
Essas meninas estrangeiras e vulneráveis
estão abandonadas à própria sorte,
o que vai além de um baita azar, não é mesmo Sr. presidente?

Sr. presidente, qualquer uma de nós, menina, moça, jovem senhora ou mulher idosa,
pode gostar de ser limpinha e cheirosa, de roupas
e sapatos novos, cabelos bem penteados, refeições de boa qualidade,
absorventes higiênicos, enfim, de saúde, educação, dignidade,
moradia, respeito, cidadania e principalmente emprego com salários justos.
Nada de errado no direito de qualquer cidadã:
está igualmente na constituição.

Vê-lo bem confortável no aconchego do seu lar com os seus,
bem alimentado coradinho, limpinho
e se divertindo em suas práticas esportivas diversas;
seus rebentos e sua esposa muito bem cuidados.
Nada disso muda a realidade miserável e indigna
dessa pátria que o senhor tanto diz amar.
Somos uma nação abandonada
pela ingerência política do seu mandato em curso.

Raul, nossos governantes não tomam o sopão,
caridosamente distribuído aos flagelados,
em abandono, em situação de rua
ou habitando e ocupando lares e territórios esquecidos…

Sobretudo os que ostentam, via imagens,
os bons e suculentos churrascos
que saboreiam diante da gente faminta.

Será, Raul, que as “moscas das sopas” estariam servidas?

Tá osso, Raul!
É como você cantou:
E “quem não tem filé come pão e osso duro”, não é mesmo?

Agora, vou me arrumar, ajeitar meus cabelos.
Vou colocar “aquele colar que você buscou na tumba de um sábio faraó”
e me emprestou, antes da sua “metamorfose” final.
Sabe, “o meu princípio está chegando ao fim”.
“Se me chamarem diga que eu saí”.

Eu poderia recorrer à outra música sua
pra te contar que Jair Bolsonaro
ironizou que todas as mazelas contadas acima
são culpa do lockdown,
nome dado à uma medida sanitária usada em vários países do mundo
para conter o contágio viral em massa, durante a Pandemia da COVID-19
Resumindo, será que foi por causa do “dia em que a terra parou”
para prevenir mortes e sobrecarga de equipamentos de saúde
que a precariedade tomou conta do nosso país?

Creio que você também discordaria da passação de pano
do governo então em exercício.

Passei também a vista na live exibida
do presidente com representantes da classe de cantores e cantoras do sertanejo.
Eram alguns gatos pingados, somente.
Vergonha, Raul!
Expuseram preferências, sem nenhuma prudência.
Esqueceram-se de como chegaram onde estão.
Sempre contam as lindas histórias de “superação”
Que viveram na trilha do sucesso.
“Cowboy”, “maluco beleza”… até filmes fizeram
sobre as vidas sofridas e precárias que atravessaram rumo à prosperidade.
Esqueceram-se daqueles e daquelas que,
como é dito nos dias de hoje, são seguidores e seguidoras
dos trabalhos por eles divulgados.
No passado, multidões compraram os discos,
CDs, DVDs, ingressos para shows etc.,
respeitando a arte de tais artistas que hoje ignoram
as graves motivações de brasileiros e brasileiras
divergirem dos posicionamentos político-partidários que,
apesar de beneficiar elites financeiramente, violam sociedade e meio ambiente.
Nesse caso, os cantadores ainda vendem as próprias imagens,
negociam as próprias influências no papel de cabos-eleitorais,
beneficiando-se como não poderiam,
caso simplesmente optassem pelo voto secreto.

Será liberdade de expressão?
Ou serão favorecimentos financeiros ilícitos na contratação de eventos e em negociatas do agronegócio, Raul???

“E eu do meu lado aprendendo a ser louco,
Um maluco total, na loucura ideal…
Controlando a minha maluquês,
misturada com a minha lucidez…”

Em fila, uma “Piulist” com as canções gravadas por Raul Seixas, cujas letras estimularam a prosa acima compartilhada:

“Maluco beleza”,
“Eu também vou reclamar”
“Mosca na sopa”
“Como vovó dizia “
“Metamorfose ambulante
“O dia em que a terra parou”
“Sociedade alternativa”
“As minas do Rei Salomão”
“Al Capone”
“Quando acabar o maluco sou eu”
“O carimbador maluco”

Texto de Christina Maria de Queiroz, contando versos e cantando canções, no primeiro de seus escritos da ação “Trocando as letras: quem tirou o i do ‘fejão’ e colocou no ‘arroiz’?”

1 comentário em “Fala daí, Raul!”

  1. "Quem tirou o i do "fejão" e colocou no "arroiz"? "Trocar as letras" com essa pergunta e na companhia do Raul Seixas é coisa de "maluco beleza"!!!kkk Excelente🎶🐦

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