Na parte de trás da capa, em letras pretas sobre fundo branco, leia-se:
“ÁLBUM ANINHANDO
1- A casa de hóspedes (Rumi)
2- Paz (Christina Maria de Queiroz)
3- Plenamente (Marcela Teófilo)
4- Oração de São Francisco
5- Da mais alta janela da minha casa (Alberto Caeiro)
6- rePOUSO (Marcela Teófilo)
7- Mais vida (Christina Maria de Queiroz)
AMAR&LINHA (por Christina Maria de Queiroz)
8- Lençol de sonhos
9- Anseios
10- Ciranda
11- Serenata
12- Retrato
13- Rabiscos
14- Camélia branca
Leitura e edições: Marcela Teófilo”.
FAIXA 1 A Casa de Hóspedes O ser humano é uma casa de hóspedes, onde todas as manhãs há uma nova chegada. Uma alegria, uma depressão, uma mesquinharia, uma percepção momentânea chega, como visitantes inesperados. Receba e entretenha a todos! Mesmo que seja uma multidão de tristezas, que varre violentamente sua casa e a esvazia de toda a mobília, Ainda assim trate seus hóspedes honradamente. Eles podem estar limpando você para a chegada de um novo deleite. O pensamento escuro, a vergonha, a malícia, receba-os sorrindo à porta, e convide-os a entrar. Seja grato a quem vier porque todos foram enviados como guias do além.
FAIXA 2 Paz, deita em meu peito aflito onde um triste grito rouco se calou, por gritar não mais poder Reina serena em meu corpo venha essa dor sublimar. Envolva-me absoluta e preencha esse vazio que o desamor escavou Reabilite o sossego, acorda o meu despertar Sei que a beleza da vida só é se eu puder sonhar.
FAIXA TRÊS Plenamente Renovando votos de reanimar o corpo, junto se renovam os conhecimentos. Procure saber: o tempo nos apresentanovos limites? Sim. E, junto deles, também há novas sensibilidades. Hoje podemos um tantinho mais do que pudemos ontem; e um bocado menos do que, quem sabe,amanhã poderemos... Tem beleza nas aprendizagens das próprias ressurreições. Tem respeito que admira os passos, laços e coreografias de outros seres que renascem. Naquele jardim, onde inclusive as dores cirandeiam de mãos dadas, enraizam-se vitais vontades e brotam pacíficas temperanças no lugar das opressões e dos sofrimentos. Naquele jardim, onde inclusive as dores cirandeiam de mãos dadas, é seguro e simples amar o próximo, enquanto se ama plenamente a si mesmo.
FAIXA QUATRO Oração de São Francisco SENHOR, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvida, que eu leve a fé. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó MESTRE, fazei que eu procure mais. Consolar, que ser consolado, Compreender, que ser compreendido, Amar, que ser amado. Pois é dando, que se recebe, é perdoando, que se é perdoado, E é morrendo que se vive, para a vida eterna! AMÉM!
FAIXA CINCO XLVIII - Da Mais Alta Janela da Minha Casa Com um lenço branco digo adeus Aos meus versos que partem para a Humanidade. E não estou alegre nem triste. Esse é o destino dos versos. Escrevi-os e devo mostrá-los a todos Porque não posso fazer o contrário Como a flor não pode esconder a cor, Nem o rio esconder que corre, Nem a árvore esconder que dá fruto. Ei-los que vão já longe como que na diligência E eu sem querer sinto pena Como uma dor no corpo. Quem sabe quem os lerá? Quem sabe a que mãos irão? Flor, colheu-me o meu destino para os olhos. Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas. Rio, o destino da minha água era não ficar em mim. Submeto-me e sinto-me quase alegre, Quase alegre como quem se cansa de estar triste. Ide, ide de mim! Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza. Murcha a flor e o seu pó dura sempre. Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua. Passo e fico, como o Universo. "O Guardador de Rebanhos", de Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa) Fonte: Site Domínio Público
FAIXA SEIS
rePOUSO
Entra para a ordem do sagrado
cada feito de alguém que perdeu
um tanto da vitalidade,
sem desistir nem um pouco da vida
Repouso é intervalo entre dois voos,
na entrega destemida
de quem está para escalar
uma montanha imensa
Nele,
ressurgimos das cinzas,
das crucificações,
dos lutos, das guerras,das pestes,
do caos,das crises, dos adoecimentos...
Nele ressuscitamos
para um lavar esforçado
de sementes férteis e postas para secagem
Repouso é preparo de novos plantios:
confiança no reverdecimento
de vales descongelados, esquecidos.
FAIXA SETE Mais Vida Quero contar-lhe um conto um conto aclamado declamado com as minhas mãos pousadas sobre o meu coração. Conto cantado e sentido pra alcançar seus ouvidos e agradar seu sorriso. Conto escrito, lido e relido; pensado e repensado para encher os seus olhos e derramar sensações. Conto com emoção pra abater solidão. Conto que chega estio, pra lhe aquecer, cobertor... e encher-lhe de calor. Porque meu conto é amor e vai curar toda a dor. É canto de beija-flor. Beija-flor chegou, beijou dançou o seu coração e lhe ofertou amor. Pousou para amenizar e seus sonhos germinar. Veio lhe entregar ponto e vírgula antes do ponto final.
“Piulist” Aninhando
Oito faixas de Música Popular Brasileira, escolhidas em correspondência com os poemas acima ordenados. Como síntese, na oitava posição, “Voa bicho” entrou pra história do evento que inspirou o álbum (mesmo que a suspeita de COVID tenha inviabilizado a nossa participação): a primeira “Feira das Andorinhas”:
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