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O caminho das pedras

#descriçãodaimagem Arte de vetor em preto
com homem empurrando uma pedra,
enquanto sobe uma ladeira.
Ao fundo, céu azul escuro.

Fonte: Pixabay

Perfil de Christina Maria contendo foto de Sabiá-Laranjeira pousado entre cercas de tela e concertina.
Em 2023, os poemas da categoria
Sabiá-Laranjeira|Christina Maria
passam a ser publicados semanalmente,
via ação Trocando as letras:
quem tirou o “i” do “fejão”
e botou no “arroiz”?

O caminho das pedras

Para fundamentar meu alicerce,
que por tempos me sustenta,
precisei perceber as pedras
encontradas pela vida a fora

Fui sempre seguindo em frente,
enquanto varria os entreveros da vida
pelos caminhos das pedras

Pedra dura e pesada
precisei saber arrastar:
são difíceis de carregar!

Pedra torta, arredondada,
é com jeito que se ajeita,
no tempo de modelar

Pedra pontiaguda arranha.
Não raro corta fundo na carne
só para ver sangrar

É preciso muita atenção,
quando é pedra atirada,
sem aviso e sem recado
É difícil precisar
de onde, como e quando virá
para saber desviar
e, com sorte, escapar

Tem pedra que só se apresenta
para fazer tropeçar.
É pedra de atrapalhar
e sempre vai lhe atrasar
no seu tempo de chegar.
Melhor mesmo é afastá-la

Pedra lisa é escorregadia
e demanda toda a atenção.
É pedra que não dá liga
e sempre está de passagem,
não carece de paragem

Tem pedra de construir,
pedra de demolição...
e haja coração!

Também tem pedra fosca.
Quase sempre apagada,
com pouco, entrega o seu brilho.
É pedra que aceita bom trato

Pedra que se desprende da rocha
costuma rolar sem rumo.
Pode até encontrar o seu prumo
se não perder o seu norte

Tem muita pedra que cura
e também pedra que mata

Tem pedra que afia o fio
e é de grande serventia
para objetos cortantes.
Pode ser para o bem,
pode ser para o mal;
afinal, a escolha é sua

Quando se é mal e desleal,
dizem que é "pedra-braba".
Lembrei-me da "pedra lascada":
expressiva na dita pré-história,
do período paleolítico

Difícil é a "pedra bruta"
por fora, só aspereza,
por dentro, brilho e beleza

Cada um de nós, é "pedra fundamental"

Chamar alguém "às pedras"
é pedir-lhe explicações
que justifiquem os porquês
das suas más ações

Podemos "cantar às pedras",
"tirá-las do sapato"
para vencer obstáculos

Definitivamente,
não se deixa "pedra sobre pedra"
em questões que desagradam
e importunam
Resolvido a contento,
"põe-se logo uma pedra em cima"

Não necessita se fazer de pedra
para suportar as pedradas
que, deliberadamente, lhe atiram.
Faça-se rio e faça arte!

Pode se reconstruir!
Enquanto dá tempo ao tempo,
"descansa e carrega pedras"...

Deve colocar pedra por pedra
para fundamentar seus valores
no alicerce da vida

Encare os desafios que chegam
no tempo do lapidar
para se aprimorar

Bom mesmo é pedra transparente.
Pedra que mostra o avesso
e não lhe entrega dúvidas,
acerta sem medo de errar
e sem precisar de atirar

Tem pedra que joga luz,
pedra que desenha arte.
Belas formas, lindas cores
recebidas da natureza,
arrebatando sinergia
para entregar harmonia

Tem até a "pedra sabão"
bastante macia para o entalhe.
Facilita o retoque da arte
esculpida pelo criador

E não se iluda,
Relembrando Drummond:
"no meio do caminho,
sempre haverá uma pedra".

■■Tudo tão errado que parece certo/
Foi difícil me nivelar…

[…] Ohh, rolam as pedras/
Devem rolar/
Sou como as pedras/
Pra te encontrar▪︎▪︎▪︎

Da canção Rolam as pedras, composta por Francisco José Zambianchi, o Kiko Zambianchi

Escolha da arte de capa, #descriçãodaimagem e edições para postagem: por Christina Maria, Virginia, Olga, Cecília, Carolina e Marcela.

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