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Diálogos “aprendentes”

Confluências entre Arte-Educação e narrativas (auto)biográficas
Confluences between Art-Education and (auto)biographical narratives

Educadores e educadoras costumam se encontrar pelos caminhos e projetos do cotidiano.

Desses encontros profissionais, pode e é oportuno acontecer dos processos de aprendizagem serem compartilhados em outros ambientes e circunstâncias, conectando outras mídias e linguagens.

Nas linhas adiante, contamos uma lembrança de 2021 que se intercala com citações do texto “O direito à Literatura”, de Antonio Candido, e links para passeios disponíveis.

“Quem acredita nos direitos humanos procura transformar a possibilidade teórica em realidade, empenhando-se em fazer coincidir uma com a outra. Inversamente, um traço sinistro do nosso tempo é saber que é possível a solução de tantos problemas e, no entanto, não se empenhar nela.”

Antonio Candido

Submeter o arquivo (anexado no fim do post) para a avaliação de uma revista acadêmica, durante a Pandemia de COVID-19, foi um desafio aceito.

Afinal, cada departamento, equipe, instituição e editorial reúne linhas de pesquisa, referenciais, públicos, interesses e objetivos distintos.

Pareceristas lêem, analisam e selecionam as propostas que consideram pertinentes e relevantes para serem divulgadas como capítulos em uma edição.

Há quem diga que os muros entre as Universidades e os outros grupos sociais tem relação com os privilégios das expressões culturais predominantes e que o engessamento das formas elege aqueles/aquelas mantidos no topo.

“As classes dominantes são frequentemente desprovidas de percepção e interesse real pela arte e a literatura ao seu dispor, muitos dos seus segmentos as fruem por mero esnobismo, porque este ou aquele autor está na moda, porque dá prestígio gostar deste ou daquele pintor.”

Antonio Candido

Numa espécie de caminho do meio, comenta-se que certas vivências e assuntos são mesmo polêmicos, distantes demais entre si; que, em palavras escritas, contextos complexos até de se falar abertamente a respeito soam confusos demais.

““[…] a literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo ela nos organiza, nos liberta do caos e portanto nos humaniza. Negar a fruição da literatura é mutilar a nossa humanidade. […] A distinção entre cultura popular e cultura erudita não deve servir para justificar e manter uma separação iníqua, como se do ponto de vista cultural a sociedade fosse dividida em esferas incomunicáveis, dando lugar a dois tipos incomunicáveis de fruidores. Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável.”

Antonio Candido

Comunicar experiências nas quais mundos, saberes e agentes diversos se tocam, dentro de um conjunto de formatos demandados, frequentemente esbarra sim em várias contradições, mas também marca o começo de importantes conversas.

Por isso, como na ocasião relembrada o texto não atendeu aos requisitos, decidimos incorporá-lo aos desdobramentos das intervenções sonoras do “Passeio de SabiÁtica: biografias que voam” junto ao Centro de Saúde Bairro das Indústrias (CSBDI) e ao Centro Cultural do Bairro das Indústrias (CCBDI).

“Os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudiciais, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas. Por isso é indispensável tanto a literatura sancionada quanto a literatura proscrita; a que os poderes sugerem e a que nasce dos movimentos de negação do estado de coisas predominante.”

Antonio Candido

O “Passeio de SabiÁtica” se expandiu em múltiplos sentidos. Além do pré-projeto, você pode gostar de ler e/ou escutar:

Podcasts no Museu do Cotidiano: um estudo sobre conteúdos sonoros e diálogos abertos (dissertação de mestrado que inspirou a iniciativa).

TEÓFILO, M. Q.; FONSECA, M. A. Iniciando a trilha sonora do Podcast DecolAtiva no Museu do Cotidiano (mUc): um pequenino almanaque…. 2019 (Desenvolvimento de material didático ou instrucional – Produto Educacional).

Blog Post Um Podcast leva ao outro (Protótipo do Blog Pena em Liberdade/Ações de Educação Midiática)

Registro da experiência no CSBDI e CCBDI publicado na Revista Interdisciplinar Sulear.

Vozes de componentes do Movimento de Mulheres Negras Evangélicas e do Movimento de Pessoas com Deficiência que inauguraram o SabiÁticast (Podcast do Projeto Filosofia a passarinho -Fiapo), incluindo o “Episódio Descrevidência” (que participou de uma Mostra no CCBDI).

Penacoteca Publicações Autorais, Escrita Criativa e Coletiva.

Neste site, registra-se um Portifolio/Memorial como parte do nosso contínuo improviso de comunidades provisórias, notas sobre produções aceitas e recusadas pelos concursos em que nos aventuramos, bem como seus respectivos acessos.

Antes de baixar, quer provar uma fatia?

Resumo, palavras-chave, informações de autoria e nota de rodapé

“Resumo: Este ensaio é fruto de diálogos reflexivos entre dois educadores a partir de uma síntese escrita por Ana Mae Barbosa sobre a Arte-Educação no Brasil. Tem o intuito de apresentar algumas interseções possíveis entre abordagens e modos de pensar da Arte-Educação e do Movimento de pesquisa (auto)biográfica. Para tanto, toma como eixos relevantes registros de Barbosa sobre sua trajetória de luta ao lado de outros(as) profissionais pela emancipação do ensino de Arte nacional.*

Palavras-chave: Arte-Educação, Movimento (auto)biográfico, interseções.

Por Marcela de Queiroz Teófilo (Profa. autora e coordenadora do Coletivo Literário Hoje à passarinho) e Salin Ferreira de Sá (Arte-Educador | Centro Cultural Bairro das Indústrias)**”

*”Este ensaio foi mobilizado por diálogos reflexivos entre dois educadores da capital de Minas Gerais, os quais revelaram afinidades entre as formações e experiências de ambos (não obstante representem campos distintos do conhecimento – Arte e Filosofia; e tenham atuado/atuem com Educação em diferentes espaços, como oficinas em Centros Culturais, galerias, museus e espaços museais, intervenções e ocupações de Coletivos por meio de blogs, redes sociais e eventos diversos, escolas, projetos sociais e de extensão universitária).”

**Segundo release produzido:

Artista visual, músico autoral, arte-educador, professor, construtor de instrumentos alternativos e experiente em design gráfico. Atua com aulas, oficinas, workshops e exposições (Festival Lixo e ASMARE – Feira de reciclagem, FAN-BH Festival Arte Negra e junto ao Libertas Coletivo de Artes, por exemplo). Graduado em Design Gráfico (UNA) e licenciado em Artes Visuais (UEMG); realizou cursos livres e acadêmicos em Gestão Cultural, História das artes, Etnomusicologia e Educação Musical oferecidos por: Uakti, Yara Tupinambá, Escola de Música (UFMG) e Escola de Artes (UEMG).

Releases compõem a lista de serviços de escrita atualmente oferecidos pelo Coletivo Literário Hoje à passarinho como sondagem de práticas econômicas viáveis para mulheres que enfrentam múltiplas violências e dinâmicas sociais antisegregacionistas.

Clique no link abaixo para baixar e ler o arquivo:

Curiosidades sobre o processo

Por que deixamos ocultos no PDF os nomes de quem escreveu?

Professores e professoras que orientam estudantes em iniciação científica, às vezes, precisam exemplificar formas de não ficarem explícitas as informações passíveis de identificarem a(s) autoria(s) de projetos submetidos.

Chegamos a encaminhar prints das passagens ocultadas para uma pessoa com dúvidas sobre como atender essas demandas éticas que, no decorrer das seleções, cooperam com a isenção e dificultam as influências de interesses pessoais.

Anexar o próprio documento que enviamos para a equipe da revista que avaliaria o conteúdo tem nos servido como artefato demonstrativo dos modos práticos de preservação do sigilo necessário.

“Porque pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo. Esta me parece a essência do problema, inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário um grande esforço de educação a fim de reconhecermos sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é achar que os nossos direitos são mais urgentes que os do próximo.”

Antonio Candido

Nesse caso, em ordem, quais seriam os conteúdos omitidos?

Vamos lá. Aberto o Ensaio na sua tela, confira ao longo das páginas. Onde aparece a letra “x” em sequência, listadas a seguir, leia-se cada informação em negrito:

Página 2:

“Na figura 1 – Retrato de Ana Mae Barbosa. Da autoria do artista e arte-educador Salin de Sá, desenho de única linha contínua.”

Página 11:

Entre parênteses, fonte da citação: “(TEÓFILO, 2019)“.

Página 12:

Nota 9 – “As ONG’s e os núcleos acadêmicos também unem seus empenhos e colaboram com seus trabalhos na combinação dos campos da Educação e da Comunicação, registra Marcela Teófilo.”

Página 14:

Nota 12 – Fotografia da criação “Cabra da Peste“, acrílica sobre tela, de uma revista e arte-educador, dentre 87 obras de 20×20 cm.

Nota de rodapé 12 – Reinvenção e resistência Arte em 2020-2021. Acessível em: https://libertascoletivodeartes.com.br/exposicao-virtual-20×20/ ( Último acesso: 7 de dezembro de 2023).

Penúltima referência – TEÓFILO, M. Q. Podcasts no Museu do Cotidiano: um estudo sobre conteúdos sonoros e diálogos abertos. 2019. Dissertação (Mestrado em Mestrado Profissional Educação e Docência) – Faculdade de Educação – UFMG. Professora-orientadora: Marina Assis Fonseca.

Preparando os certificados de pessoas que colaboraram com os passos iniciais do Projeto Fiapo, no comecinho de dezembro de 2023, tivemos uma grata surpresa.

A recepção do Parecer com observações e sugestões para revisão do artigo “Diálogos aprendentes: Confluências entre Arte-Educação e narrativas (auto)biográficas” nos estimulou a expandir a presente publicação, no ar há poucos meses.

Agradecemos a cada um e cada uma que se envolveu nos movimentos gerados a partir do exercício coletivo de leitura, escuta e escrita, intencionando contribuir com esta partilha de memórias.

Referências

CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. 13. ed. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2014.

CANDIDO, Antonio. Vários Escritos. 5. ed. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2011.

Escrito por Marcela Teófilo

Foto redonda de Colibri da cabeça violeta. Ele está pousado num galho com fruto na ponta, dentro de contorno branco de nuvem. Fundo verde.

Voz e letras de Marcela reverberam leituras, escutas e escritas num tanto de cirandas por aí. Graduada em Filosofia, mestre em Educação e profa. autora do projeto Fiapo, ela “cria com” e coordena o Hoje a passarinho☆

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